Em nossa sociedade estamos assistindo
uma crescente onda de violências contra às mulheres, o Brasil é o 5º país no
mundo – em um grupo de 83 – em que se matam mais mulheres, de acordo com o Mapa
da Violência de 2015, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências
Sociais (Flacso).[1]
A cultura heteropatriarcal,
utiliza-se da manutenção de pensamentos machistas, misóginos e classistas para
continuar garantindo e legitimando as desigualdades entre os
sexos. Atentas as desigualdades que estão expostas as mulheres em nossa
sociedade, o Projeto Antonia percebeu que a violência que as mesmas sofrem nas
redes sociais, tem sido bem frequentes. As consequências são prejudiciais à
mulher, uma vez que, fere a sua dignidade, atinge sua reputação e
constrange.
O avanço da era digital trouxe elementos
positivos para o desenvolvimento de nossa sociedade, porém também passou a
ser mais um espaço utilizado para agredir mulheres. De acordo com a cartilha:
"Você sabe o que é Cyberbullung?" elaborada pelo NUDEM (Núcleo
Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher), na maioria das
vezes, os agressores contam com o anonimato e a sensação de impunidade trazidas
pelo ambiente virtual que favorece a criação de perfis falsos, sem falar
na facilidade da rápida difusão do conteúdo.
"Isso faz com que a vítima se sinta exposta e desprotegida,
desenvolvendo sentimento de insegurança, paranoia, e percepção pessoal
distorcida, podendo gerar condições psicológicas graves como depressão e
síndrome do pânico". (Cartilha: Você sabe o que é Cyberbullyng?).
Percebendo esta realidade, a
Equipe Antonia no mês de julho decidiu trabalhar com as mulheres atendidas
na sede da unidade e abordadas nos locais de prostituição da Região
de Santo Amaro, os conteúdos da cartilha: Você sabe o que é Cyberbullyng?
Ao trabalhar o tema com as mulheres nos
deparamos com falas tais como:
· "Eles tiram
fotos dentro da casa para mostrar para os amigos que estão no puteiro e muitas
vezes vai a nossa imagem";
· "Temos que ficar
muito atentas, pois eles filmam sem que percebamos";
· "Uma vez eu
estava no hotel e percebi que ele estava gravando bem na hora da penetração.
Depois eles usam estas imagens para ganharem dinheiro em cima de nós";
· "Eles são
espertos, por isto que na casa tem um cartaz proibindo o uso do celular. Já
peguei homem tentando filmar o programa com o celular no bolso da camisa".
A repercussão desta abordagem realizada com as mulheres abriu a percepção de que as mulheres em contexto de prostituição estão vulneráveis à violência contra às mulheres como qualquer outra mulher, porém o estigma e preconceito social contra a categoria das profissionais do sexo, favorecem que vivenciem de forma mais violenta as consequências do machismo em nossa sociedade.
Fontes:
Cartilha: Você sabe o que é Cyberbullyng?
[1] https://www.unifesp.br/reitoria/dci/edicao-atual-entreteses/item/2589-brasil-e-o-5-pais-que-mais-mata-mulheres
Nenhum comentário:
Postar um comentário