quarta-feira, 28 de março de 2018

Páscoa: as muitas travessias

A Páscoa é festa central para judeus e cristãos. Ela celebra – celebrar é atualizar – para os judeus a passagem da escravidão no Egito para a terra da promissão, a passagem pelo Mar Vermelho e a passagem de massa anônima para um povo organizado. A figura de referência é Moisés, libertador e legislador, que nasceu cerca de 1250 anos antes de nossa era. Conduziu a massa para a liberdade e a fez povo de Deus.

Para os cristãos a páscoa é também passagem. Tem como figura central Jesus de Nazaré. Ela celebra a passagem de sua morte para a vida, de sua paixão para a ressurreição, do velho Adão para novo Adão, deste cansado mundo para o novo mundo em Deus. 

Como em todas as passagens há ritos, os famosos ritos de passagem tão minuciosamente estudados pelos antropólogos. Em toda passagem há um antes e um depois. Há uma ruptura. Os que fazem a passagem se transformam. O rito de passagem do nascimento, por exemplo, celebra a ruptura da pertença ao mundo natural para o pertença ao mundo cultural, representado pela imposição do nome. O batismo celebra a passagem do mundo cultural para o mundo sobrenatural, quer dizer, de filho e filha dos pais para filho e filha de Deus. O casamento é outro importante rito de passagem: de solteiro ou solteira com as disponibilidades que cabem a esta fase da vida para casado com as responsabilidades que este estado comporta. A morte é outro grande rito de passagem: passa-se do tempo para a eternidade, da estreiteza espácio-temporal para a total abertura do infinito, deste mundo para Deus.

Se bem repararmos, toda a vida humana possui estrutura pascal. Toda ela é feita de crises que significam passagens e processos de acrisolamento a e amadurecimento. Tomando o tempo como referência, verifica-se uma passagem da meninice à juventude, da juventude à idade adulta, da idade adulta à velhice (hoje prefere-se terceira idade) e da velhice para a morte e da morte para a ressurreição e da ressurreição para o inefável mergulho no reino da Trindade, segundo a crença dos cristãos. 

São verdadeiras travessias com riscos e perigos que este fenômeno existencial implica. Há travessias que são para o abismo, há outras que são para a culminância. Mas a páscoa traz uma novidade, tão bem intuída pelo filósofo Hegel, numa sexta-feira santa no Konvikt de Tübingen (seminário protestante) onde estudava. A páscoa nos revela a dialética objetiva do real: a tese, a antítese e a síntese. Viver é a tese. A morte é a antítese. A ressurreição é a síntese. A síntese é um processo de recolhimento e resgate de todas as negatividades dentro de uma outra positividade superior. Assim que o negativo nunca é absolutamente negativo, nem o positivo é somente positivo. Ambos se contem um ao outro, encerram contradições e formam o jogo dinâmico da vida e da história. Mas tudo termina numa síntese superior.

Talvez esta seja a grande contribuição que a páscoa judaico-cristão oferece aos que se afligem e se interrogam sobre o sentido da vida e da história. O cativeiro não tem a última palavra mas a libertação, a morte não detém o sentido das coisas mas a vida e a ressurreição. Assim a história estará sempre aberta. Com razão nos dizia o poeta e profeta Dom Pedro Casaldáliga: depois da síntese final da páscoa de Cristo não nos é mais permitido viver tristes. Agora a verdadeira alternativa é: ou a vida ou a ressurreição.

* Leonardo Boff é teólogo, filósofo, espiritualista, e ecologista. Ajudou a formulara a Teologia da Libertação e escreveu mais de sessenta livros. É professor emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autor do livro infantil, O ovo da esperança. O sentido da festa da Páscoa, Mar de Idéias, Rio





quarta-feira, 21 de março de 2018

Estamos inseridas/os num sistema que mata as/os defensoras/es dos Direitos Humanos! E ai, o que Você faz?

Estamos num momento em que as ruas estão sendo tomadas por uma série de protestos, onde grupos, indignados com as constantes ondas de Violência, falta de respeito e corrupção presente em nossa sociedade, levam suas bandeira de luta por um mundo mais igualitário, respeitoso, menos corrupto e defensor dos Direitos Humanos.

Infelizmente, em nossa atual conjuntura, aquelas pessoas que assumem a luta pelos Direitos Humanos como um projeto de vida, e lutam por sua real efetivação, correrem risco de morte. Temos como exemplo o caso da Vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco de 38 anos, que foi covardemente assassinada. E, por ai, há quem diga: "Ela estava engajada com bandidos" ; "Foi mãe solteira ao 16 anos"; e mais tantas outras mil desculpas (sem sentido e reflexão) para legitimar a morte violenta que sofreu, quando na verdade, o motivo real de sua morte foi: silenciar a voz de uma ativista, defensora dos Direitos Humanos e denunciadora de uma sociedade patriarcal extremamente violenta. 
A voz de  Marielle Franco ressurge na luta dos movimentos sociais, dos grupos ativistas e nas ações das instituições comprometidas.

Sigamos na luta!  
          






segunda-feira, 12 de março de 2018

Dia Internacional das mulheres - Projeto Antonia


No último dia 7, o Projeto Antonia comemorou com as mulheres atendidas o Dia Internacional das Mulheres. Foi uma tarde agradável de escuta, cuidado e memória. O Instituto Embelleze, parceiro do Projeto Antonia, durante a tarde ofereceu esmaltação, maquiagem, limpeza de pele e sobrancelha. 


Concomitantemente, a Equipe Antonia trabalhou com as mulheres participantes a origem do Dia Internacional das Mulheres, em âmbito internacional e nacional. Também debatemos com elas sobre a história de luta e resistência de mulheres, tais como: Maria Beatriz do nascimento, Sueli Carneiro, Maria da Penha, Dandara, Cora Coralina,  Gabriela Leite, Carolina Maria de Jesus e Madre Antonia, que ao longo da história foram deixando sua marca e seu grito de independência, respeito, igualdade e não desistiram da luta. 

Fonte: Unidade Antonia
O mural interativo "Mulheres que nos inspiram..." contou com a contribuição das participantes que foram incentivadas a recordar e escrever o nome de mulheres que para elas, serviram de inspiração. Interessante perceber que algumas fizeram referência a suas mães, filhas, e outras referenciaram a si mesmas como inspiração.

Fonte: Unidade Antonia