terça-feira, 19 de novembro de 2019

Fórum discute violência contra mulher e os desafios no atendimento às mulheres no contexto da prostituição


Nome, idade, filhos, mês, ano, motivação, arma do crime e local. Estas são as informações divulgadas pela exposição “Corpos da Penha” que rompe com a invisibilidade da violência contra mulher e surpreende quem a visita.
A exposição “Corpos da Penha”, disponibilizada pelo Centro de Defesa e Convivência da Mulher – CDCM Casa da Mulher Crê Ser, foi apresentada no Fórum do Núcleo de Prevenção à Violência – NPV, realizado no dia 18/11/2019 na subprefeitura de Cidade Ademar.  Corpos da Penha consiste em silhuetas de diferentes corpos femininos, em tamanho proporcional, com informações de casos reais de feminicídio na região da zona sul de São Paulo.

Além da exposição, Vanessa Feijó, gerente, e Fabiana Pelegrino, advogada na Casa da Mulher, apresentaram informações sobre a visita de Corpos da Penhas nas Unidades Básicas de Saúde – UBSs. Trabalhadores desses serviços comentaram que se surpreenderam com a força da sensibilização gerada pela exposição. Do desconforto à mudanças reais, os participantes compartilharam a percepção que tiveram ante a exposição e o que observaram nos pacientes: mulheres que sentiram-se fortalecidas para romper com o ciclo da violência doméstica, a reação do público masculino, a surpresa ao perceberem serem casos reais e próximos e ainda como as pessoas passaram a “chamar de canto para explicar o que significa” essa alarmante realidade.

Neste evento o Projeto Antonia também compartilhou com o público, trabalhadoras/es nas políticas de Saúde, Educação e Assistência Social, um panorama sobre a realidade da prostituição de mulheres de baixa renda na região de Santo Amaro. Puderam sensibilizá-los para os desafios no atendimento às mulheres no contexto da prostituição, em razão dos estigmas sociais que agravam as condições de usufruto de direitos e da maior legitimação da violência contra mulher quando sofridas por mulheres que se prostituem.

O NPV é um espaço de interlocução de serviços de saúde para a atenção integral à saúde da pessoa em situação de violência formado por trabalhadores que atuam em diferentes distritos da região sul de São Paulo. Ampliar a sensibilização sobre a realidade da prostituição em Santo Amaro para além da região onde ela acontece, especialmente na área da saúde, é uma forma de contribuir para que as mulheres possam reivindicar o acesso à saúde integral desde a atenção básica existente em seus locais de moradia.

Brenda e Aline - Projeto Antonia; Fabiana e Vanessa - CDCM Casa da Mulher Crê Ser; Munira - OS Santa Catarina e Elizângela - Secretaria Municipal de Saúde 

Brenda Silva
Assistente Social
Projeto Antonia

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Cyberbullyng no Contexto da Prostituição

Em nossa sociedade estamos assistindo uma crescente onda de violências contra às mulheres, o Brasil é o 5º país no mundo – em um grupo de 83 – em que se matam mais mulheres, de acordo com o Mapa da Violência de 2015, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).[1]
 A cultura heteropatriarcal, utiliza-se da manutenção de pensamentos machistas, misóginos e classistas para continuar garantindo e legitimando as desigualdades entre os sexos. Atentas as desigualdades que estão expostas as mulheres em nossa sociedade, o Projeto Antonia percebeu que a violência que as mesmas sofrem nas redes sociais, tem sido bem frequentes. As consequências são prejudiciais à mulher, uma vez que, fere a sua dignidade, atinge sua reputação e constrange. 
O avanço da era digital trouxe elementos positivos para o desenvolvimento de nossa sociedade, porém também passou a ser mais um espaço utilizado para agredir mulheres. De acordo com a cartilha: "Você sabe o que é Cyberbullung?" elaborada pelo NUDEM (Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher), na maioria das vezes, os agressores contam com o anonimato e a sensação de impunidade trazidas pelo ambiente virtual que favorece a criação de perfis falsos, sem falar na facilidade da rápida difusão do conteúdo.

"Isso faz com que a vítima se sinta exposta e desprotegida, desenvolvendo sentimento de insegurança, paranoia, e percepção pessoal distorcida, podendo gerar condições psicológicas graves como depressão e síndrome do pânico". (Cartilha: Você sabe o que é Cyberbullyng?).

Percebendo esta realidade, a Equipe Antonia no mês de julho decidiu trabalhar com as mulheres atendidas na sede da unidade e abordadas nos locais de prostituição da Região de Santo Amaro, os conteúdos da cartilha: Você sabe o que é Cyberbullyng? 

Ao trabalhar o tema com as mulheres nos deparamos com falas tais como:

· "Eles tiram fotos dentro da casa para mostrar para os amigos que estão no puteiro e muitas vezes vai a nossa imagem";
· "Temos que ficar muito atentas, pois eles filmam sem que percebamos";
· "Uma vez eu estava no hotel e percebi que ele estava gravando bem na hora da penetração. Depois eles usam estas imagens para ganharem dinheiro em cima de nós";
· "Eles são espertos, por isto que na casa tem um cartaz proibindo o uso do celular. Já peguei homem tentando filmar o programa com o celular no bolso da camisa".

           A repercussão desta abordagem realizada com as mulheres abriu a percepção de que as mulheres em contexto de prostituição estão vulneráveis à violência contra às mulheres como qualquer outra mulher, porém o estigma e preconceito social contra a categoria das profissionais do sexo, favorecem que vivenciem de forma mais violenta as consequências do machismo em nossa sociedade. 

Fontes: 







segunda-feira, 8 de julho de 2019

Polícia resgata chinesas mantidas em cárcere e obrigadas a se prostituir em São Paulo

Por Ana Beatriz Rosa    
   
   Um karaokê no Bom Retiro, no centro de São Paulo, onde funcionava uma casa de prostituição de jovens imigrantes chinesas, foi fechada pela Polícia Civil de São Paulo. No local, ao menos 13 mulheres de 18 a 21 anos eram mantidas em condições precárias. A operação batizada de “Freedom” (liberdade, em inglês) ocorreu nesta quarta-feira (3).

Os proprietários do estabelecimento, um casal de chineses, e uma terceira pessoa que trabalhava no local foram presos em flagrante. Os suspeitos vão prestar depoimento na Justiça de São Paulo nesta quinta-feira (4).
POLÍCIA CIVIL
O delegado da 2º DP responsável pelo caso, Antonio Sucupira, disse que as chinesas viviam em quartos insalubres, com potencial risco de incêndio e com acesso restrito à alimentação.
“O que vimos foram essas jovens mulheres em situação degradante. Os quartos em que elas estavam eram sujos, com restos de alimentos e a fiação elétrica insegura. Poderia ter ocorrido um incêndio ali”, explicou o delegado em entrevista ao HuffPost Brasil.
Nenhuma delas falava português, e todas estavam proibidas de sair de casa sozinhas. As vítimas não tinham celular e estavam sem contato com os seus familiares há pelo menos seis meses.
“Nós conseguimos estabelecer um canal de comunicação e confiança com as vítimas, que não falavam português, e a todo momento trabalhamos para proteger a identidade e o emocional dessas mulheres”, acrescentou Sucupira. Segundo ele, a operação foi eficiente principalmente por conta da atuação das policiais mulheres e de um policial que falava mandarim.

A denúncia anônima de exploração sexual

De acordo com o delegado, a Polícia Civil de São Paulo recebeu há 15 dias uma denúncia anônima de que mulheres estariam sendo vítimas de abusos na região do Bom Retiro.
A mensagem circulou por meio de uma carta escrita em português e sem assinatura. O texto dizia que as mulheres eram ameaçadas e forçadas a se prostituir.

POLÍCIA CIVIL
Após a denúncia circular, um homem que se apresentou como chinês e seria primo de uma das vítimas procurou a delegacia do Bom Retiro. Em seu depoimento, explicou que a prima havia sido enganada e precisava ser libertada. Ela havia deixado a sua cidade de origem na China em janeiro, com a promessa de que iria trabalhar na indústria têxtil de São Paulo.
No entanto, ao desembarcar no Brasil, a jovem não foi direcionada ao Consulado Chinês. Ao contrário, foi levada diretamente para a casa no Bom Retiro e, desde então, era obrigada a praticar sexo forçado e estava sendo mantida em cativeiro.
A testemunha explicou que a vítima conseguiu convencer um de seus clientes a deixá-la usar o celular. Imediatamente, a jovem ligou para o pai e descreveu as condições desumanas a que estava sendo submetida.
Foi então que a família se organizou para que o primo viesse até o Brasil com a missão de resgatá-la. De acordo com Sucupira, o chinês apresentou detalhes do interior da casa que foram confirmados após a operação realizada pela polícia.
No local funcionava um bar, um karaokê e nos fundos havia pelo menos oito quartos destinados à prostituição.
Já na delegacia, as chinesas afirmaram que eram obrigadas a praticar sexo com homens e que deviam pagar aos proprietários uma mensalidade pelo uso dos quartos.
De acordo com o delegado, as 13 jovens foram encaminhadas para um local seguro e o endereço permanece sob sigilo.
“Todas são maiores de idade e estão com o passaporte em dia. Elas vão ter que decidir se querem continuar no Brasil ou se preferem voltar para a China”, explicou.
O delegado também afirmou que representantes do Consulado da China estiveram no local e se colocaram à disposição das mulheres para auxiliá-las.
Questionado se a Polícia Civil teria recebido outras denúncias similares de mulheres em cativeiro, Sucupira foi categórico. “Se existir em São Paulo qualquer outro lugar como esse, a polícia vai agir de forma enérgica. Ontem, a maior preocupação era que essas mulheres fossem protegidas. A polícia está aberta para qualquer denúncia, e a população precisa se sentir segura para nos avisar de crimes como esse.”
O casal chinês e o “funcionário” do local foram autuados pelos crimes de cárcere privado, favorecimento à prostituição e tráfico de mulheres.

Matéria extraída do Site huffPostbrasil

quarta-feira, 3 de julho de 2019

- Relatos sobre o Amor - Por uma mulher atendida pelo Projeto Antonia


         Existem muitas formas de amor, o amor de Deus, ou seja, o amor divino; o amor de uma criança; o amor da família; o amor entre um casal; amor aos animais; amor a natureza e suas belas flores; e o amor aos verdadeiros amigos.  
"Existem muitas 
formas de amor!"
            Eu amo tudo isso com amor incondicional, mas me falta ter comigo alguns desses amores que eu tanto desejo. Busco a ajuda de Deus para que eu consiga esse amor que me falta. Só o amor consegue preencher esse vazio que eu sinto.
           Sei que sou muito perfeccionista e exijo muito de mim mesma, pois tudo que eu faço eu acho que teria que ter feito melhor, mais sei que só o amor é perfeito e infinito por que se não for assim, não é amor.
Viva sempre o amor, só o amor é capaz de mudar o mundo. Amai a Deus sobre todas as coisas do mundo e amai uns aos outros como ele nos ama.
Daniela – Atendida do Projeto Antonia

segunda-feira, 3 de junho de 2019

02 de junho é o dia Internacional da Prostituta

Em 02 de junho de 1975, quando aproximadamente 150 prostitutas ocupara a Igreja de Saint-Nizier, na França, em num ato de manifestação contra a repressão policial, multas, prisões e assassinatos de prostitutas que não eram investigados.
Foi um ato que teve o apoio da população e da igreja para que as prostitutas tivessem direito à proteção, esse apoio deu força ao movimento para que se espalhe por outras cidades.  Mas apesar dos apoios, em 10 de junho, a polícia invade a igreja de forma violenta e retira as mulheres a socos e pontapés.
Essa manifestação foi notícia no mundo inteiro, o que motivou a criação de associações de prostitutas em vários países, a fim de lutar pela garantia de direitos. A partir de então foi instituído o dia 02 de junho como o “Dia Internacional da Prostituta”
É uma data para refletir na importância das lutas das mulheres que estão expostas a à violência, mas que desejam que seja garantido a elas os direitos mencionados na carta dos Direitos Humanos, que são para todos os seres humanos independente de sexo, raça, cor, religião, etnia, ou qualquer outra condição, estabelece o direito à vida e a liberdade.
A luta das mulheres que exercem a prostituição continua até os dias atuais, para romper com o estigma e preconceito de sociedade machista e moralista, que deixa as prostitutas em situação de vulnerabilidade e risco, as margens de todo tipo de violência, naturaliza essa violência.

“A luta contra a violência é uma luta de todos”


Maria José Silva
Educadora Social
Projeto Antonia

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sexta-feira, 24 de maio de 2019

Projeto Antonia pelo fim da Violência Contra a Mulher

Os meios de comunicação têm mostrado os altos índices de violência em todas as partes do mundo. Dá impressão que essa situação já não nos impacta tanto como antes, é “só mais um ou uma” que entra para as estatísticas. Chama a nossa atenção o aumento da violência contra as mulheres.
Segundo notícia do Portal G1 do dia 29 de abril de 2019, nos primeiros três meses de 2019, o feminicídio aumentou 76% em São Paulo, sendo que 8 em cada 10 casos, os crimes contra as mulheres aconteceram dentro de casa pelo marido, companheiro, namorado ou ex-parceiro. Em grande parte, o motivo tem sido a separação do casal. Lembrando que até chegar a ser assassinada a mulher passa por diferentes tipos de violências: psicológica, física, sexual, patrimonial e moral.
Perguntas que se ouve com frequência são: por que ainda as mulheres continuam sendo agredidas e mortas pelos homens? Será que aumentou a violência contra as mulheres ou está se dando mais visibilidade? 
Certamente são muitos os fatores, mas o principal é o machismo, a compreensão de que o homem é superior a mulher, ele tem o poder, o domínio e a posse sobre ela.  Essa é uma das razões da violência quando a mulher toma iniciativa na separação do casal.
As mulheres vêm tomando consciência dos seus direitos, exigindo mais respeito e reagindo à submissão, ao domínio dos homens sobre ela. Porém é necessário não só as mulheres terem essa consciência, mas toda a sociedade, sobre tudo os homens. O debate sobre a violência contra a mulher deve ser realizado em todos os setores da sociedade, pois é fruto de uma construção social de desigualdades, que necessita ser reconstruída. Por isso é importante promover espaços de discussão sobre assunto em diversos seguimentos da sociedade, em escolas, igrejas, universidades, onde estão, as mães, os pais, as/os educadoras/res, líderes religiosos, profissionais entre outros. É necessário desde esses espaços trabalharem com as novas gerações para que não sofra e não gerem violência.
O projeto Antonia além da atuação específica junto às mulheres que exercem a prostituição tem somado forças com outras organizações no combate à violência contra a mulher.  Por meio de conferências, palestras e oficinas, participa de diálogos e reflexões sobre a temática. Nota-se o quanto é importante esses espaços para as mulheres se expressarem, trocarem experiências e se fortalecerem para enfrentarem os desafios que vivem apenas pela condição de serem mulheres.
No dia 08 de maio o Projeto Antonia esteve presente na XXIV Semana de Enfermagem da Universidade de Santo Amaro – UNISA. O evento marcou o início da Liga da Saúde da Mulher na Universidade. Aline Rissardi, Coordenadora do Projeto Antonia, ministrou uma palestra sobre “Violência na Prostituição: um recorte na realidade de Santo Amaro". Foram apresentados dados de violência contra as mulheres que exercem a prostituição segundo pesquisa realizada pela unidade em 2017. Segundo Aline, as alunas e alunos fizeram várias perguntas sobre o tema e demonstraram interesse em conhecer mais de perto a atuação do Projeto junto às mulheres.


O Projeto Antonia também marcou presença, no dia 18 de maio, no evento, “Marcadas pela promessa. Sim eu posso!”, promovido pela Paróquia São Vicente de Paulo e São Tiago Apóstolo na cidade de Embu das Artes - São Paulo.  Maria José Silva, Educadora Social do Projeto Antonia, ministrou uma palestra sobre a “Violência contra mulher”, na qual abordou a invisibilidade e naturalização da violência contra a mulher, sobretudo a que exerce da prostituição. Destaca que “independentemente das nossas convicções morais, religiosas e pessoais, não podemos justificar ou aceitar a violência a determinados grupos”. As participantes interagiram em vários momentos, e isso confirma o quanto é importante dar espaços de fala às mulheres. No final sugeriram outros momentos como esse para continuar a reflexão, ressaltando que a violência contra a mulher é pouco discutida nas periferias das cidades.







Ir. Lucia Alves da Cunha
Oblata do Santíssimo Redentor
 (Projeto Antonia)

quarta-feira, 27 de março de 2019

Campanha da Fraternidade - 2019

A Equipe do Projeto Antonia, ao longo de mês de março, está fazendo uma sequência de formações a respeito do tema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a campanha da Fraternidade. 

A campanha da fraternidade - 2019 nos convida a refletir sobre o tema: Fraternidade e Políticas Públicas e lema: serás libertado pelo direito e pela justiça (Is. 1,27). 

Aprofundar sobre políticas públicas é importante para entendermos a maneira pela qual elas atingem a nossa vida e a vida das mulheres atendidas pelo Projeto Antonia.

O objetivo deste estudo é a capacitação da equipe para incentivar a participação das mulheres nestes espaços, e a partir da participação delas, possibilitar a efetivação de políticas públicas adequadas as mesmas.