No dia 31 de julho, a Unidade Antonia realizou o evento
denominado “Café sem preconceito”, em parceria com o CCM (Centro de Cidadania
da Mulher) de Santo Amaro – SP.
Este evento foi pensado a partir do planejamento do Projeto Antonia, com o intuito de refletir
junto com as Instituições parceiras sobre a temática do preconceito. O Centro
de Cidadania da Mulher se somou à organização do mesmo.
Nadja Vilela (Coordenadora do CCM) fez a abertura, dando as boas-vindas a todos (as) os(as) presentes e em seguida fez a apresentação das
duas instituições envolvidas na organização do evento, CCM e o projeto Antônia.
Lucia Alves (coordenadora do Projeto Antonia) iniciou
apresentando o projeto e sua forma de atuação junto à mulher em situação de
prostituição. Fez um resumo histórico, como dizia: os preconceitos vêm dos
conceitos que vão sendo construídos na história.
Seu ponto de partida foi a Idade Média, período
historicamente situado entre os séculos V ao XV, onde aconteceu um avanço
visível da transmissão das doenças sexualmente transmissíveis, com isto a
Igreja se vê obrigada a reforçar a pratica da prostituição como pecado.
Na história do Brasil no século XIX, no Estado do Rio de
Janeiro, acontece uma Epidemia de Sífilis, onde novamente a prostituição é
responsabilizada pela proliferação da doença. Com isto, ela passa a ser alvo
dos olhares e motivo de atenção dos médicos e saúde pública em seguida dos
juristas. No fim do Século XIX e início de XX, a mulher em situação de
prostituição passou a ser alvo e problema do sistema da polícia.
Concluiu sua fala dizendo-nos: A prostituição é sustentada
pelo sistema político e embasada na autora Margareth Rago, que afirma: “A
prostituição é uma consequência”.
Lúcia Gatti (Técnica Assistente Social) representando o
Centro de Testagem e Aconselhamento DST/AIDS (CTA); Dr. Márcio Carlos Valente
Alberte (Ginecologista) representado o
Centro de Referência DST/AIDS (CR); Dr.º Fernando Artacho Carvalho Martins (Defensor
Público) representando a Defensoria Pública; Srª Dulce Xavier (Secretária
Adjunta) representado a Secretaria Municipal de Políticas Publicas para mulheres,
todas (os) explanaram seu trabalho e apresentaram como percebem a temática do
preconceito no cotidiano.
Rafael Fernandes (Assistente Social da Instituição Herdeiros
do Futuro) abordou a temática de Gênero: “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”.
Segundo ele, podemos perceber claramente que o sistema que rege o nosso país é
o patriarcado e a mulher, ainda hoje, está dentro de casa!
Sobre a questão de preconceito ele nos trazia que: este
aparece de muitas maneiras, não só comparando em relação homem-mulher, mas
também homem branco - homem negro, onde
se percebe claramente que o homem branco tem muito mais chances de ser aceito
socialmente do que o negro, e que se esse homem é homossexual, está numa
categoria mais a baixo do que as mulheres.
É importante não naturalizarmos os processos, pois corremos
um grande risco de estar justificando um sistema que pode mudar.
E terminava sua fala embasado no Autor Bernard Muldworf, que
nos diz: “Libertar a mulher de sua alienação é ao mesmo tempo libertar o homem
de seus fetiches”.
Tanto Projeto Antonia, quanto CCM, este ano, completam oito
anos de fundação e neste espaço encontraram o momento propicio para a
celebração do mesmo, onde o melhor presente que poderiam receber é a conscientização
da sociedade sobre a temática dos preconceitos existentes.
Por Luiza Pralon
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